sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2011: A Heavy Year

Mais um produtivo ano finda. Óptimos registos em distintas áreas de extremismo, atmosfera, melodia ou técnica. Como foram tantas as edições a não descurar, decidi este ano elaborar uma lista com 50 álbuns estrangeiros e outra com 10 nacionais.  Todos de bom+ para cima. Sem qualquer ordem (aparente).


INTERNACIONAIS

> ANIMALS AS LEADERS – Weightless
> GRAVEYARD – Hisingen Blues
> SÓLSTAFIR – Svartir Sandar
> OBSCURA – Omnivium
> IN SOLITUDE – The World.The Flesh.The Devil
> ANAAL NATHRAKH – Passion
> FLESHGOD APOCALYPSE – Agony
> BEARDFISH – Mammoth
> DEVIN TOWNSEND – Deconstruction
> SONNE ADAM – Transformation

> CHRISTIAN MÜENZNER – Timewarp
> HAVOK – Time Is Up
> JOE BONAMASSA – Dust Bowl
> TEXTURES - Dualism
> RIOT – Immortal Soul
> TESSERACT – One
> MASTODON – The Hunter
> REDEMPTION – This Mortal Coil
> BLACK TUSK – Set The Dial
> ALL PIGS MUST DIE – God Is War

> THE GATES OF SLUMBER – The Wrath
> SYMPHONY X – Iconoclast
> KRUX – III: He Who Sleeps Among The Stars
> AMEBIX – Sonic Mass
> ALL SHALL PERISH – This Is Where It Ends
> ESOTERIC – Paragon Of Dissonance
> GHOST BRIGADE – Until Fear No Longer Defines Us
> PENTAGRAM – Last Rites
> OMNIUM GATHERUM – New World Shadows
> IRON MASK – Black As Death

> REVOCATION – Chaos Of Forms
> AUTOPSY – Macabre Eternal
> PRIMORDIAL – Redemption At The Puritan's Hand
> VICIOUS RUMORS – Razorback Killers
> ASKING ALEXANDRIA – Reckless & Relentless
> ARCHITECTS – The Here And Now
> TEN – Stormwarning
> LENTO – Icon
> ASSAULTER – Boundless!
> LONG DISTANCE CALLING – Long Distance Calling

> VOYAGER – The Meaning Of I
> KRISIUN – The Great Execution
> TRAP THEM – Darker Handcraft
> PAIN OF SALVATION – Road Salt 2
> KORN – The Path Of Totality
> VEKTOR – Outer Isolation
> VALLENFYRE – A Fragile King
> OPETH – Heritage
> ORIGIN – Entity
> CRUACHAN – Blood On The Black Robe

NACIONAIS

> CONCEALMENT – Phenakism
> WE ARE THE DAMNED – Holy Beast
> E.A.K. – MuzEAK
> W.A.K.O. – The Road Of Awareness
> ATTICK DEMONS – Atlantis
> THE ALLSTAR PROJECT – Into The Ivory Tower
> BEFORE THE RAIN – Frail
> CORPUS CHRISTII – Luciferian Frequencies
> HEAVENWOOD – Abyss Masterpiece
> SWITCHTENSE – Switchtense

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O TETO SEM ALMA

Será uma deceção. Quando acontecer, serei um ator, não um redator. O afeto que tenho pela língua portuguesa não será exatamente excecional, como o (ainda) é na atualidade. Adotar o novo acordo ortográfico será um ato inevitável, talvez correto no papel, mas abstrato e feio no teto da alma. Ótimo. Para quem nele contrassensos não deteta.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

POR MAL DOS PECADOS DELES – Parte I

Não consigo manter a indiferença. Por cada nova notícia de um atentado no Iraque, é como se fosse a primeira vez. Afinal, aqueles 47 que morreram hoje e os 30 e tal que ficaram amputados não são dos mesmos 33 mil que deixaram de respirar desde Maio de 2003. Nem são dos mesmos que, provavelmente amanhã, depois de amanhã, vão deixar de bocejar ao acordar para um novo dia… mais ou menos cinzento, com mais ou menos ataques. Nem são dos mesmos que se espetaram cobarde e criminalmente contra torres de Manhattan, mas isso levar-nos-ia a outras dissertações. E para quê? Porquê? Faço uma ideia de porquê e também sei que em qualquer guerra – neste caso invasão, com consequente pedante táctica ocidental do divide and conquer perante xiitas e sunitas – as baixas são incontornáveis. Ainda que civis. Hoje na Idade do Desrespeito, tudo se aceita; é banal lidarmos com a morte. Dos outros, claro.

Perpétuos, os vergonhosos conflitos armados e presente, a actual discussão em torno do referendo sobre a despenalização do aborto, são dois temas que têm acicatado o meu asco por aquilo que mais desprezo: a religião. Começa a ser um lugar comum dizê-lo (talvez por ser uma verdade tão dura quanto crua) mas a religião é realmente o maior dos males deste mundo. O tumor que corrompe consciências, que anula personalidades, que fomenta aquilo que mais instabilidade traz ao decurso natural da vida, a partidarite. Está na natureza do homem aliar-se em grupo e procurar referências com outros semelhantes, mas quando se chega ao ponto do “eu mato-te para não me matares a mim porque não somos do mesmo clube” penso que quem ganha essa luta tribal são mesmo os animais. Por inerência. Está na natureza de alguns homens, ou mulheres. Talvez não na tua. Eu, por exemplo, nunca necessitei de qualquer tipo de espiritualidade mono ou politeísta e acredito mais na celulose onde assenta a tinta que percorres agora com os teus olhos, que em qualquer deus ou outra identidade intangível criada pelo homem para satisfazer os seus recorrentes caprichos de personificar o impersonificável. E isso faz de mim um infame? Um niilista? Um… inculto? Depende da perspectiva de como e de quem receber uma afirmação dessas.

Sabem, estou saturado deste mundo-do-faz-de-conta em que o homo modernus, chamemos-lhe assim, já com 200 000 anos “nas pernas”, se continua a comportar como uma criança, recorrendo sempre que necessário à sua pseudo crença no pai natal, chame-se ele Allah, Deus ou Shiva. Embora muitos crentes não respeitem a fé do que lhe é opositor, levando-o muitas vezes a apostasias forçadas [ou pura e simplesmente, eliminando-o], eu respeito a doutrina como cada um rege a sua vida, mas tenho o direito de a achar desnecessária. Prestar vassalagem mental a tigres de papel é um desperdício de energias. E causar-me-ia mais inconformismo se não soubesse que, por detrás dessa crença, está realmente um cariz pseudo. O homem é religioso porque é um preguiçoso ganancioso. Se exceptuarmos o Budismo e outras doutrinas orientais de moderada aniquilação do ser único, quase todos os cultos de larga escala têm por base um desígnio primeiro para o próprio indivíduo – o comodismo; a dedicação espiritual de uma vida em troca do cheque de eterna paz entregue no leito da morte. E o poder, não necessariamente material, mas de autoridade, a que fomenta a tal clubite no campeonato das cruzes e dos crescentes, vermelhos de sangue e de idiotice.

Para o metal, o imaginário da religião tem sido um terreno de fértil inspiração. Mas por muito hereges que as bandas ou os seus fãs sejam e por meia dúzia de igrejas que tenham sido incendiadas, anti-cristianismo tem sido sinónimo de anti-hipocrisia, anti-ignorância, anti-letargia. Este é um solo criativo tolerante ao ponto de acolher correntes como o white metal. Ao contrário dos mísseis e dos discursos de gente grande que deveria ter juízo, letras de músicas, capas e logótipos, ou demonstrações ímpias em palco não têm efeitos colaterais no respeito e liberdades de cada um. Pudesse existir uma banda com Adolph Hitler, Mao Tse-Tung, Josef Stalin e… Goerge W. Bush a expurgarem o seu prepotente ódio através de Marshalls e Carvins, e não teríamos razão para tanta indignação no mundo real.

É dessa tríade entre música, religião e sociedade que se farão aqui os próximos Deseufemismos. Pecando sem piedade, se preciso for, claro está.

Sin-Cronista © 2006

TP V: BLACKFOOT - Marauder

Embora sejam, de génese, uma banda southern rock, os Blackfoot atingiram o período mais meritório durante a sua fase mais hard rock. Esse é um dos enigmas por trás do veterano grupo de Jacksonville. O outro, reside no facto de terem sido mais bem sucedidos nesta altura na Europa que nos Estados Unidos, ainda para mais, encorpando alguma da iconografia musical americana mais típica. Residirá, justamente aí, o charme sedutor para ouvidos rock vibrantes com o el dorado setentista, coisa que já não era novidade para um auditório que tinha uns Lynyrd Skynyrd e outros que tais? Talvez.

Com quatro álbuns gravados, a banda já tinha o seu espaço nos States sulistas, mas a verdade é que, quando em 1981 é editado “Marauder”, não foi criado um especial impacto. E, se cá por terras europeias, o quinto disco dos Blackfoot gerava focos de entusiasmo e descoberta, era também o tempo de todos os booms e o “disco da águia” acaba por se diluir no tempo. Sem nunca ser esquecido, redescoberto entre o pó dos vinis mais preciosos, ou por este ou aquele músico que aí fundou raízes inspirativas. Tal como hoje, quando o rock duro sem tempo se permite vergar à teimosa memória dos primeiros dias. «Marauder» culmina o período mais forte e inspirado dos Blackfoot, depois de “Strikes” de 1979 e de “Tomcattin’” de 1980. Ao réptil e ao felino, sucede a ave de rapina na imponência orgânica simbolizada na imagética da altura, talvez não a mais genial em termos de artwork, mas de excelência artística, mal as espiras começam a rodopiar. Exactamente como sucede em “Good Morning”. Prenúncio de algo mágico, ao longe a distorção de Ricky Medlocke dá as boas vindas a uns Blackfoot no auge da sua sensatez, num dos temas mais ritmados do grupo, ainda hoje, enfatizado numa das suas peças mais reconhecíveis. No lado oposto da energia está “Diary Of A Workingman”, canção de serenas melancolias acústicas, para desembocar em intensidades que nos transportam para uma qualquer América proletária do século passado.

É destas alternâncias de estados de espírito e ambivalência de cores naturais que se compõe um álbum como “Marauder”, tal qual representação da paleta de possibilidades na Florida, onde o sangue índio sempre correu. Aqui é bem latejante, com três nativos americanos como Medlocke, o baixista Greg T. Walker e o baterista Jackson Spires, este último, falecido em 2005, vítima de aneurisma. Neto de Shorty Medlocke – que ouvimos em registo true redneck no início de “Rattlesnake Rock ‘N’ Roller” –, figura referencial no bluegrass de há muitas décadas, Ricky Medlocke sempre fora a alma dos Blackfoot, mas a partir do momento em que o line-up original se desintegraria (1985), o grupo deixa de expelir aquele elan especial, ainda que se mantenha hoje activo, com Walker a hastear a bandeira de uma banda fundada há quase 40 anos. Oscilando entre os momentos mais calmos e a impulsividade própria do Sul, “Marauder” é daqueles discos que amadurecem bem com o tempo, tendo em “Searchin’” outra pérola de dramatismo contemplativo e em “Fire Of The Dragon”, novo fogo ardente, da chama que uma banda destas pode ainda hoje manter, se estivermos dispostos a uma boa sessão de southern rock.

Daqui para a frente já nada foi igual. Ken Hensley dos Uriah Heep entra para os teclados e o consequente álbum “Siogo” assinalaria uma demarcação para sonoridades mais radio-friendly. É, portanto, a meio da carreira que está a virtude, com “Marauder” a fazer os Blackfoot soarem hoje a um autêntico “pata negra”, entre o que de melhor se fez no estilo, no início dos anos ’80.

sábado, 18 de dezembro de 2010

2010

A recorrente dicotomia "os melhores" vs. "os que mais gosto". O resultado desse pacífico confronto este ano dá qualquer coisa como isto.


1 – ENSLAVED – Axioma Ethica Odini
2 – SHINING – Blackjazz
3 – ORPHANED LAND – The Never Ending Way Of The ORwarriOR
4 – HIGH ON FIRE – Snakes For The Divine
5 – ANATHEMA – We're Here Because We're Here
6 – IHSAHN – After
7 – FLESHWROUGHT – Dementia/Dyslexia
8 – INTRONAUT – Valley Of Smoke
9 – TRIPTYKON – Eparistera Daimones
10 – DEFTONES – Diamond Eyes
11 – HELSTAR – Glory Of Chaos
12 – BLACK COUNTRY COMMUNION – Black Country
13 – KILLING JOKE – Absolute Dissent
14 – ROTTING CHRIST – Aealo
15 – OVERKILL – Ironbound
16 – FORBIDDEN – Omega Wave
17 – SOLUTION .45 – For Aeons Past
18 – GHOST – Opus Eponymous
19 – ZOROASTER – Matador
20 – SLOUGH FEG – The Animal Spirit

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

199(9) – ODISSEIA NO AÇO!

Completa-se este mês a primeira década do Séc. XXI. Foram dez anos que já nos deram imensas coisas boas em distintos estilos de peso, além de que será aliciante conjecturar sobre o que os desconhecidos decénios seguintes nos possam brindar. E a década seguinte. E a outra. E em 2040, como será o metal? Não duvido que perdure porque na alma musical humana subsiste algo de mais orgânico e genuíno que qualquer “compositor”-robot de tecnologia padronizada ou correntes “criativas” corporativistas. Isso é conversa para o futuro, hoje importa aqui falar do passado.

Quando lançamos um olhar sobre os anos 80, uma toada de respeitável nostalgia se instaura. A década do verdadeiro espírito, dos grandes álbuns, do emergir de bandas e estilos que nesse período se glorificaram por si só. E se recuarmos à genialidade inebriada dos anos 70, esse respeito toma proporções de endeusamento. Já para não falar nos embrionários anos 60 e em patriarcas como Jimi Hendrix. Mas… e então, os nineties?! É que é “só” a década em que a escultura ganhou traços de requinte. Muitas das teses lançadas nos anos anteriores atingiram, neste período, o auge do seu primor, obra de uma geração muito esclarecida no modo como exorta sentimentos e labora instrumentos.

Do encantamento desesperado de uns Anathema, My Dying Bride, Sentenced ou Paradise Lost, à efervescente emergência do black metal escandinavo e de bandas como Darkthrone, Immortal, Mayhem (ou a facção mais melódica criada por Cradle Of Filth ou Dimmu Borgir), passando pela ânsia instigadora de uns Fear Factory, Pantera ou Machine Head, os anos 90 já se fazem de um indelével pedaço de história. Foi também na década transacta que floresceram importantes movimentos death metal; na Florida, pelas mãos de entidades referenciais como Morbid Angel ou Death, na Europa, através de uns visionários Carcass ou At The Gates. Injectou-se mais melodia e mais peso, e popularizaram-se nomes como In Flames, Dark Tranquillity ou Children Of Bodom. Enunciavam-se propostas avantgarde com Arcturus ou Opeth a induzirem ao metal uma dose de inteligível energia. Espaço e tempo também houve para o ressurgimento do heavy metal mais tradicional e do (re)nomeado power metal com o aparecimento de uns Hammerfall ou Nightwish. O stoner rock ou o doom reinventado dos Cathedral também trouxe à cena uma saudável brisa de vitalidade que, em última análise, chega até ao experimentalismo de uns Sunn 0))). No capítulo hard rock, é que a década não começou nada bem, vitimizado pelo aparecimento do grunge e da tomada de simpatias por parte de uns Nirvana ou Alice In Chains. Mas também aqui as hostes menos extremas se souberam reerguer fazendo da década transacta um período de aprazível desfrute para, praticamente, todas as tribos da civilização pesada.

Por vezes paira a ideia de que “agora é que é bom” ou “nos anos 80 é que está tudo”. Não esqueçamos, portanto, os memoráveis anos 90. Afinal, estão aqui tão perto. Dentro de dias, ainda antes de 2011, cá estaremos para vigilar o relógio do aço. Sem eufemismos.

TP IV: BELIEVER - Dimensions

Muitas vezes, exasperamos pelas razões que levam determinada banda a cessar funções. É-nos difícil aceitar que tenham findado após “aquele álbum” excepcional, quase perfeito. É precisamente na obtenção desse máximo desígnio musical que reside o fim de operações; já não há estímulo para ir mais além.

Poucos meses após o lançamento de “Dimensions”, os norte-americanos Believer compreenderam que não haveria muito mais caminho a trilhar no seu thrash progressivo, de ramificações clássicas e pioneirismo operático no metal. São múltiplas e distintas as variações estilísticas deste terceiro álbum do grupo, mas só uma audição no seu todo fornecerá uma ideia da singularidade deste trabalho no espectro musical, inclusive na própria discografia dos Believer. A banda da Pensilvânia começou por se notabilizar na estreia de 1989, “Extract From Reality”, ao sugerir outras dimensões ao thrash da Bay Area, roçando laivos de death metal e arriscando tecnicismos pouco comuns na altura, mas é com “Sanity Obscure” que dá nas vistas, a sério. Três anos depois, “Dimensions” surge como um álbum à parte. A raiz thrash fundamenta a base criativa destes 52 minutos, mas sobre ela assentam muitas camadas que nada têm a ver com o estilo e que, em conjunto, perfazem aquele composto especial que forte impacto causou na altura (nem tanto assim, senão não seria um Tesourinho) e que, quinze anos depois, se mantém proeminente.

A verdadeira pérola deste trabalho está em “Trilogy Of Knowledge”, uma sequência de quatro peças em vinte minutos, num exercício de música erudita com metal, pouco visto até aos dias de hoje. Os instrumentos de cordas operam num registo minimal/progressivo de notável envolvência, imiscuídos da sedutora soprano que é Julianne Laird, bem antes de todos os Nightwishs que se seguiram. Em mágica sobreposição, a voz ríspida de Kurt Bachman, uma espécie de John Tardy mais ligeiro, a assentar que nem uma luva e de belo efeito aestético. O guitarrista/vocalista é a alma dos Believer, mas neste disco em que funcionaram como trio, não esquecer a notável bateria de Joey Daub e, mais ainda, o providencial baixo tocado por Jim Winters. A intro e os três movimentos da “Trilogy Of Knowledge” constituem apenas a parte finaldo álbum, que principia com um sinistro “Gone” e que tem pelo meio a serenidade pulsante de “Dimentia” e o thrash metal (quase) puro de “Singularity”. Quanto à filiação religiosa da banda, não é nada que importe muito para o fascínio artístico aqui obtido. Se a trilogia de fecho versa sobre a história de Cristo, outras letras há por aqui que evocam filósofos como Sartre ou Freud, sendo o álbum um ensaio sobre o modo como a ciência tomou conta do mundo.

Pela própria abertura estilística na música que concebem, os Believer serão uns crentes não dogmáticos e estranho não será o facto de Bachman ter hoje como via profissional a bio-medicina. Explorando igualmente estados de mente mais ou menos senis, este álbum surge salpicado de soundbytes de filmes como “O Exorcista III” ou “Hellraiser II” que, a par de outros sons samplados pela banda em estúdio, gera um efeito psicótico... quanto mais não seja, pela obsessão de o voltarmos a ouvir mais uma vez. E mais uma vez. As harmonias de guitarras também são qualquer coisa de magistral, guiando as estruturas próprias deste álbum para direcções de imprevisível deleite. Apesar de ainda algo obscuro, este álbum foi recentemente reeditado e os Believer tiveram a bela ideia de reunir a banda para o álbum «Gabriel», lançado em 2009. Razões mais que propensas para que, quem não as conhece, entre nestas dimensões. Acreditem.